Fronteira

Angélica T. Almstadter

Roendo cordas,

Despenco das alturas,

Olho de alto a baixo

As veredas e o estrago;

Ando no meio fio.

Onde termina teu céu,

Começa meu inferno?

Onde me verás pura?

No brinde ou no trago?

Onde me acabo,

Resvalando no fio

Dessa lâmina cega?

Afio e provoco arrepio,

Teu gozo me nega!

Caminho na fronteira,

Entre o céu e o inferno,

Me queimo e me banho,

No sangue desse lanho.

Sou primeira e derradeira,

Batizas meu cio.

Lilith por um dia,

Fogo e Água se consumindo,

Terra e Ar em agonia.

Poço de inquietude,

Decúbito em avaria,

Águas densas,

Plenitude,

Silêncio universal.

Peco o pecado original,

Com o dia findo,

Unção de sal:

Nasce em mim a virtude.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 24/01/2005
Reeditado em 24/01/2005
Código do texto: T2345
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