Sombras

Sinto que me olhas

Que me observas

Na espera de um sorriso

Na súplica da ternura

Sinto que me olhas

Que me observas

Com febre de esperança

Do palpitar contente

Nada posso dar-te

D’um coração atormentado

D’uma vida sem essência

D’um existir desafortunado

Nada posso revelar

No borbulho da mágoa

Na indefinida dor

Da louca alma amaldiçoada

Nada deseje da sombra

Se não a caminhada sem próprio rumo

Se não seguir no escuro

Sem voz e sem vontade

Qualquer que seja a profundidade

Do tétrico desatino

Do poço sombrio que se aproxima

Nenhuma razão d’alma será

Doutra cor que não sombria

Assim é a alma sem luz

Que vaga na sombra sem lembrança

Que ruma sem destino

Por qualquer caminho

Sem qualquer opção

Por não mais ter coração.

selene
Enviado por selene em 09/09/2006
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