Sombras
Sinto que me olhas
Que me observas
Na espera de um sorriso
Na súplica da ternura
Sinto que me olhas
Que me observas
Com febre de esperança
Do palpitar contente
Nada posso dar-te
D’um coração atormentado
D’uma vida sem essência
D’um existir desafortunado
Nada posso revelar
No borbulho da mágoa
Na indefinida dor
Da louca alma amaldiçoada
Nada deseje da sombra
Se não a caminhada sem próprio rumo
Se não seguir no escuro
Sem voz e sem vontade
Qualquer que seja a profundidade
Do tétrico desatino
Do poço sombrio que se aproxima
Nenhuma razão d’alma será
Doutra cor que não sombria
Assim é a alma sem luz
Que vaga na sombra sem lembrança
Que ruma sem destino
Por qualquer caminho
Sem qualquer opção
Por não mais ter coração.