Entregue ao devoramento


Tu sabes que ele te exterminará
mas aceitas sucumbir a ele

Ele te tornará infeliz
encherá tuas noites de insônia
teus dias de taquicardia e pânico
Mas o aceitas como carrasco

Ele roubará o fôlego e a paz
Te porá a ferros
imerso horas em água fervente
Até que o perecimento te seja prêmio

Ao aceitá-lo com devotamento
todos os sentidos do corpo e da vida
estarão entregues ao devoramento
Felino faminto
te consumirá em lentas bocadas
Até que só reste lembrança nenhuma

Ele incendiará tua casa
e de teus descendentes
Terá o cuidado de antes
trancar todos a sete chaves
Ainda assim o adorarás
com rezas e banhos de ervas aromáticas

Predador, ele triunfará
sobre os restos mortais de teus sonhos
Ainda assim o chamarás “salvador”
Fará de tua doçura amargor sem cura

Excomungará o que na vida ensaiar cores
Ele arrumará a casa
para receber a todos em festa
Mas a ti reservará a hora da faxina
a cama desfeita há dias
ou minutos entre um e outro e-mail
dando notícias ao mundo – menos a ti

A última vítima será o coração
Pois o cérebro torturado
muito cedo estará louco

A penicilina evitou dizimações
A ciência criou a anestesia
e ensaia vacinas à AIDS
Mas que antídoto vencerá a paixão?

O amor do homem por uma mulher
chega por oceanos de luzes
Mas quando partir te partirá inteiro

Abandonado nu e só na era glacial 


                         Lançamento na 52ª Feira do Livro de Porto Alegre 
                         Dia 31 out 06, terça-feira. Das 19h30min às 21h30min – Pavilhão Central 
                         Saiba mais sobre o autor
                         www.recantodasletras.com.br/autores/rossyrberny    
                         www.editoraalcance.com.br/ROSSIR.HTM 
Rossyr Berny
Enviado por Rossyr Berny em 10/09/2006
Código do texto: T237196