A poesia que há em mim!

A poesia não morre

Ela dilatou minhas pupilas

Estourou minhas veias

Paralizou meu coração.

Tive mesmo que ser observada

Tive mesmo que ser tratada

Pois a poesia não tem perdão.

A poesia arrasta o tempo

Quebra alguns degraus

Antes mesmo que se consiga subir

Antes mesmo que se alcance os desejos ocultos

E a poesia começa a cantar

Tirando os fios de cabelo

Lascando as unhas

Cerrando os dentes

Fechando os olhos

Ah Deus, eu não me aguento

A poesia é demais para mim!

Não me contento

Em ser simplesmente, tão simples assim

Ah Deus, eu não suporto!

A poesia que há em mim...

Ela me queima, me adota depois diz que vai embora

Ela me chinga, diz que não me quer mais

A poesia é o tempo me escondendo

Ah sim, Deus, eu não consigo!

Estou morrendo pelo momento que se passou

A poesia foi me arrancando como vento

De todo pouco que me restou

E a poesia não morre

O que morre é corpo

A poesia é alma...

E alma é talento.