Relógios
Semeio relógios para multiplicar o tempo
Quem sabe colher mais alguns minutos preciosos
No meio da manhã
Meus relógios não possuem ponteiros
Não possuem números
Meus relógios sabem esperar pelo meu tempo
Os relógios que colho na alcova do sem fim
Me dizem a todo instante que a vida escorre
Entre dedos
Porque assim é certo
Assim precisa ser
Pois a toda tarde um dia morre para um outro nascer
Plante relógios comigo
Em terra árida eles florescem
Regados pela neblina dos dias que,
Solitários, escorrem pelos seus dedos