MORANGOS CHANTILLY E HORTELÃ

Silenciosamente saiu de manhã

sem um beijo, sem adeus.

Sei, eu dormia.

Ainda dormia, pois o dia, já era pleno

De todo o cotidiano.

Não tenho vontade de levantar.

Os lençóis e este torpor me impedem.

Um punhal de sol atravessa as cortinas,

Crava no meu peito dança sobre meus seios.

Sinto o calorzinho nos mamilos

Agora empinados.

Suas mãos de ontem correndo minha virilha

Os dedos catatônicos buscando as dobras

As coxas se movimentam

Ajeitando, despistadas, melhor acesso.

E me sinto úmida, transbordando.

Minha língua roça o céu da boca

Mordo a pontinha do lençol.

Uma explosão acontece no meu peito,

Um delírio, um gosto de hortelã,

Um cheirinho de morango.

Chantilly escorrendo pelas coxas

Uma sirene cortando meu sonho.

Um homem que partiu de manhã

Sem me beijar...

Humberto Bley Menezes
Enviado por Humberto Bley Menezes em 16/09/2006
Código do texto: T241732
Classificação de conteúdo: seguro