MORANGOS CHANTILLY E HORTELÃ
Silenciosamente saiu de manhã
sem um beijo, sem adeus.
Sei, eu dormia.
Ainda dormia, pois o dia, já era pleno
De todo o cotidiano.
Não tenho vontade de levantar.
Os lençóis e este torpor me impedem.
Um punhal de sol atravessa as cortinas,
Crava no meu peito dança sobre meus seios.
Sinto o calorzinho nos mamilos
Agora empinados.
Suas mãos de ontem correndo minha virilha
Os dedos catatônicos buscando as dobras
As coxas se movimentam
Ajeitando, despistadas, melhor acesso.
E me sinto úmida, transbordando.
Minha língua roça o céu da boca
Mordo a pontinha do lençol.
Uma explosão acontece no meu peito,
Um delírio, um gosto de hortelã,
Um cheirinho de morango.
Chantilly escorrendo pelas coxas
Uma sirene cortando meu sonho.
Um homem que partiu de manhã
Sem me beijar...