Contemplação

Contemplação

Como pássaro que voa altaneiro

sem saber para onde ir

seu ninho de ilusões

se esvaíra outros prados

ficando só longínqua saudade;

A natureza bela

Mas sem alegria das almas

torna-se espaço temeroso frio

toda magia desta natureza em êxtase

nos reporta à visão

dos primeiros sonhos que formamos;

Lá longe, contemplo a água em planície:

Ora verde, ora azul, ora brilhante

Tal imenso caldeirão chamejante;

No barulho fervente das ondas cansadas,

das amarguras que carrega

das alegrias que logo passam:

encho-me de fantasia, suaves emoções

purificam o egoísmo revigora o corpo.

Poetizo agruras vida real

Tensões ocultas;

No ideal antigamente aspirado

Procuro as cinzas, do meramente alcançado

Inacabado

Lindos sonhos hoje nada;

Procuro alguma brasa fazer acender

Chama interior

Adormecida.

Vaguei como uma sombra

Pela praia afora

Na solidão que nos faz mais puros

Também narcisistas;

Mesmo insignificante ser;

Sou partícula deste imenso universo,

Tangível real

Sempre vítima da incerteza

Sinto ímpeto irrefreável

Num extravasamento puro de espírito;

Gritar individualmente: Eu existo!

Gritar outro grito mais forte: as dores do mundo

Fazer ecoar infinito afora, coletivamente!

Meus conflitos voltam a se petrificar

Na impotência imediata

confundem-se no barulho

das ondas deste mar,

de repente, sinto suaves éolos

acariciam as faces

sinto fluidos benéficos de esperança;

um forte anseio de Doação e Liberdade

um forte desejo de amar,

invade-me!

Termino a contemplação

Suspendo os sonhos esvoaçantes

para ter lugar

o choque com o real

do dia a dia trivial.

maria do socorro cardoso xavier
Enviado por maria do socorro cardoso xavier em 16/09/2006
Código do texto: T241917