Pão e Circo

Pão e Circo

Angélica T. Almstadter

07-01-05

De tanto suspirar absurdos,

Sentir teu suor na minha pele,

Ouvir tua respiração nas paredes,

Engrossei a procissão dos surdos;

Não há mais linha que me revele,

Nem mais desejos, para minhas sedes.

De tanto me afastar da multidão,

Me trancar nesse caos distinto;

Perdi a hora de acordar,

Virei ameaça pública,

Sentença de condenação.

No brinde, ergo a taça de absinto,

Atravesso tonta o limiar;

Eu, prisioneira lúdica.

Riam, o palco é todo meu!

Hoje tem pão e circo;

Cortesia dessa palhaça,

Que nunca percebeu,

Que o exagero é mico,

E o mundo acha graça,

Aplausos porque doeu...

A corte tem olhos de omissão,

O trono tem reis assentados,

E eu?...bem eu engrosso a procissão

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 26/01/2005
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