Correnteza da vida

Como fosse um barco que se arrasta triste,

Levado ao vigoroso sabor da corredeira que o atrai.

Ao som estonteante da catarata tão próxima,

Pressente que não mais pode dizer ao mundo

O que tanto aspira: estar com ela apertada ao seu colo.

No seu impróprio pensar deseja com ela dançar,

Com teimosia enfrentar o mundo rodopiando ao som das águas,

Como se ali fosse seu próprio lar, envolvido ao seu corpo, a valsar.

A iluminada noite no tempo caminha, formando um par com o vento,

E vai alta a madrugada prenunciando que a noite está em agonia,

E tempo não há para que uma valsa se desenvolva,

Ainda que triste, rodopiando ao som das águas, a dançar.

A realidade, esta valsa triste, não se deixa envolver ao som abstrato,

Mesmo desejando ser o senhor de um tempo que não se deixa dominar,

Nada mais ao poeta resta que não o despertar,

Para um novo dia e continuar em seu poetar.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 21/08/2010
Código do texto: T2450284
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