SONHO DE ÍCARO
14-SONHO DE ÍCARO
Quando o sol derreteu as asas de Ícaro
eu estava lá para resgatá-lo...
O fiz emergir imerso em meus braços:
-Lívido, menos que um mito era um lírio!
-Gélido, menos que lírio, era estátua!
Beijei sua boca para soprar alento...
meigamente o estreitei nos braços....
sobrevoei aqueles mares tão nevoentos
pra ver se achava, ao amado fardo, melhor espaço
e assistir em lugar tranqüilo, o refazimento.
Dizia para mim mesma:
É por tua causa, Esperança,
que a Humanidade se arroja em sonhos!
É só por ti, que ela se atira aos ideais.
Quando cai tu a resgatas com tal desvelo,
e a escutas a envolvê-la com sonhos outros,
e outros sonhos ... e sonhos mais !...
Eu tuas asas a humanidade se arroja em sonhos...
Em tuas asas parte em busca do que sonhou...
Se os alcança, brindas com ela suas vitórias!
Quando os perde, fica pra ti a tarefa inglória,
de recolheres os pedacinhos do que sobrou!
És teimosa, dona Esperança (eu me dizia)
Pois acreditas que o Ser Humano aproveitará...
Que o ensinamento tão dolorosos de seus enganos
como uma ponte de crescimento o soerguerá?
Mas, quando vês, hei-lo que se atira a alvo incerto!...
Pelos milênios se repetindo com seus enganos...
Vai pelos séculos, se repetindo a mesma dor!!
Mas uma vozes bem conhecidas,
dentro de mim repercutiram como um louvor:
Eu te auxilio -(disse a Alegria)- como apanágio!
Eu te reforço-(disse o Otimismo)- com meu valor!
Eu te abasteço com suprimento de lenitivos...
Eu te envolvo com as Energias do Criador
Eu te ajudo com as carícias do lenimento...
Disse o Amor!
Maria Mercedes Paiva
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