POEMA DESCALÇO

16-POEMA DESCALÇO

Nos braços do poema, por sonho embalada,

eu sigo contente por essas estradas, e vou mais além:

planícies, montanhas, por mares e vales...

faço lanche com a alvorada

e ceio com a lua, nas nuvens também!...

Passeio com o sol, por ele beijada

...isso é natural,pois sou namorada...

brinco calma com a amena aragem...

vôo segura, nas asas do vento...

canto canções de miragens...

Tão livre é o meu pensamento!..

Caminho tranqüila pelo arco íris,

saltando suas cores, pisando matizes...

escorrego na curva,

desembarco em touceira de vívidos lírios

e me sinto em estado de amor, por inteira!

É tão leve o caminho dos sonhos:

tão macio, alvo, brilhante,

que é preciso se vista um manto

nalgum fauno ainda castanho,

em seu passo, quase "ave trotante"!

Nesse templo sagrado do sonho,

fantasia, quimera, poema...

só se entra com os pés descalços

e com passo mais leve que pena...

Porque tudo compõe a estesia:

o poema dispensa o calçado,

mas, a vida, não dispensa a poesia.

Maria Mercedes Paiva.

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Maria Mercedes Paiva Paiva
Enviado por Maria Mercedes Paiva Paiva em 26/01/2005
Código do texto: T2513