POEMA DESCALÇO
16-POEMA DESCALÇO
Nos braços do poema, por sonho embalada,
eu sigo contente por essas estradas, e vou mais além:
planícies, montanhas, por mares e vales...
faço lanche com a alvorada
e ceio com a lua, nas nuvens também!...
Passeio com o sol, por ele beijada
...isso é natural,pois sou namorada...
brinco calma com a amena aragem...
vôo segura, nas asas do vento...
canto canções de miragens...
Tão livre é o meu pensamento!..
Caminho tranqüila pelo arco íris,
saltando suas cores, pisando matizes...
escorrego na curva,
desembarco em touceira de vívidos lírios
e me sinto em estado de amor, por inteira!
É tão leve o caminho dos sonhos:
tão macio, alvo, brilhante,
que é preciso se vista um manto
nalgum fauno ainda castanho,
em seu passo, quase "ave trotante"!
Nesse templo sagrado do sonho,
fantasia, quimera, poema...
só se entra com os pés descalços
e com passo mais leve que pena...
Porque tudo compõe a estesia:
o poema dispensa o calçado,
mas, a vida, não dispensa a poesia.
Maria Mercedes Paiva.
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