MINHA POESIA

És a filha que trago na barriga

gerada nem eu sei há quantos anos

oculta neste ventre que te abriga

sustida plo cordão dos desenganos

Semente grão em mim inseminado

óvulo fecundado em letargia

morosa gravidez parto adiado

que lentamente dou à luz do dia

Me alegra que vás nascendo aos poucos

com gritos de triunfo em cada dia

com risos choros e gemidos roucos

sejam de espanto dor ou alegria

Acorda-me do sono que dormi

liberta-me do sonho-pesadelo

bebe-me o seio e cantarei pra ti

o que guardei de mais sublime e belo

Meu bem meu tesouro meu unguento

minha fonte meu pão minha utopia

meu vinho lenitivo e esquecimento

meu alento e estrela que me guia!

(In Antologia Literária do Cenáculo Marquesa de Valverde

Ano 2002 - Lisboa - Portugal)

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 17/06/2005
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