Brisa e vendaval

Eu sou brisa. Calma a vagar por entre os sólidos, a me arrastar por sob os líquidos e permear os sonhos dos acordados. Sou algo que não se pode ter, impalpável àqueles que me amam e que tentam inutilmente me seduzir. Só eu posso tocar e sentir seus corpos por dentro e por fora.

E correndo assim, livre para lugar nenhum, que me apaixono por um simples olhar que caminha no meio de tantos outros.

É simplório, eu sei, comum até, mas escondido por de trás de seu brilho há algo que me prende, me enfeitiça e aprisiona. Eu não tenho armas contra isso. Nem contra isso nem contra o sorriso que se abre aos poucos ao me sentir deslizando sob sua pele.

Eu não tenho mais controle sobre mim. Acelero meus movimentos conforme sinto aumentar minha excitação. Logo sou vento a entrar por debaixo da camiseta e circundar-lhe o tronco tépido, sentindo os músculos retesarem com meu toque. Descontrolado torno-me vendaval, pois sinto fome de lhe tocar de forma inteira. Bagunçando-lhe os cabelos, sentido-lhe os braços, o tronco e as pernas. Tudo ao mesmo tempo.

É um momento de êxtase. De realização diante de ter o poder de possuir o algo desejado. Agora, sinto-me pleno e aos poucos vou me acalmando, logo indo embora, sendo de volta a brisa calma que antes fora.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 18/10/2010
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