Dormência

A vida me cai como um suspiro fraco

Como quando se sente o corpo gelar

As mãos caem sozinhas pelo peito

Deixando na pele a falta de ar

As noites não dão saciedade

E sinto falta do que nunca tive

De uma lembrança inventada

Cai-me com peso a sobriedade

Agora sei, estou dormente

Nem de veneno sinto o gosto

E é amargo, pensamento oposto

Não sinto o frio ou quente

E ando contaminado o estéril

Bebendo minhas letras etílicas

Nulas, feito palavras na água

Que secam e me tonteiam a vida.