SEMEADURA

Semeia tua quimera derradeira

No solo ainda umedecido

Pela última chuva da estação

Um a um teus dedos calosos

Revolverão a terra

No preparo da cama onde irá adormecer

A semente imaculada

E quando faltar a água

Teu suor e teu sangue alimentarão

As raízes da pequena planta

Até o dia em que por sua força

E vontade próprias

Ela não dependa mais de ti

Em cada fruto maduro você

Haverá de reconhecer

O sabor das manhãs despiciendas

Em cada novo galho

Os caminhos perfilhados

Por onde você passou

Em cada folha caduca

Caída ao chão

As horas esquecidas

Enquanto você dormia

De olhos abertos ante a vida

Em cada flor imatura

Derrubada pelo vento

O perfume dos amores

Sepultados pelo tempo

* * *

Goiania, 08 nov 2010

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 09/11/2010
Código do texto: T2604847
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.