SEMEADURA
Semeia tua quimera derradeira
No solo ainda umedecido
Pela última chuva da estação
Um a um teus dedos calosos
Revolverão a terra
No preparo da cama onde irá adormecer
A semente imaculada
E quando faltar a água
Teu suor e teu sangue alimentarão
As raízes da pequena planta
Até o dia em que por sua força
E vontade próprias
Ela não dependa mais de ti
Em cada fruto maduro você
Haverá de reconhecer
O sabor das manhãs despiciendas
Em cada novo galho
Os caminhos perfilhados
Por onde você passou
Em cada folha caduca
Caída ao chão
As horas esquecidas
Enquanto você dormia
De olhos abertos ante a vida
Em cada flor imatura
Derrubada pelo vento
O perfume dos amores
Sepultados pelo tempo
* * *
Goiania, 08 nov 2010