Dias de canário

Ele sempre fora livre

tinha olhos claros do sol

com seu canto hipnotizava o observador

peito de ferro,

sempre pronto a gritar pelo canto a ser roubado.

Acorrentado ficou tal como canário da terra preso

triste

sem asas

horizontes

montes

rios

e telhados.

A liberdade era tudo

o nada

depois virou gaiola de ferro

o canário calou

ficou cansado

canta menos

come alpiste

não sente o cheiro da chuva

tampouco sabe se ela caiu.

Vê tudo de longe

até seus iguais

se bate na gaiola

chora cantando

canta chorando

e pula de um lugar a outro

sem fim

sem mais

até que o dia passa

e a lembrança

os sonhos

da liberdade não voltam

e começa tudo de novo

piu, piu, piu.