TEMPO ALGUM

Onde estão as minhas memórias?

Serão recolhidas pela gravidade ou pela gravidade da situação?

Simplesmente me deixo cair no sofá...

Uma vez após outra, pensando nas minhas memórias.

De curto e longo alcance.

Meu passado está em minha mente apenas.

Em meu corpo apenas.

Em minhas marcas apenas.

Em meu coração.

Meu passado em nenhum outro lugar.

Em nenhum outro tempo.

Apenas na minha alma.

Neste presente frio e contínuo que não pára e torna-se passado num sopro, estão as minhas lembranças, sempre tão vívidas e frágeis.

Como num dia de sol, tenho boas lembranças.

Num dia de nuvens, lembranças de sombra. De tempos de sombra.

Hoje, em um dia de chuva, renovo minhas forças e faço as pazes com a minha consciência.

Minha sede de estar logo adiante e ter do que me lembrar está sendo saciada a cada dia.

A cada dia que a minha juventude vai ficando nos momentos do passado.

Que não estão em tempo algum, a não ser no meu corpo e na minha capacidade, frágil, de guardar as sensações.

Redenção é do que eu preciso.