Notívago

Notívago

Devora a luz que ninguém vê

Contrarquiteto do mundo

Desgasta os vértices da manhã

Notívago

Tem celas em suas pálpebras

Crê não ser o único

Mas tanto faz.

Vendaval a destelhar o sono

Leva os cílios que dizem "não"

Vendaval a invadir os outros

Feito areia nos olhos

A salgar os sonhos

Brisa quente que afoga o peito

(porque a exclamação é ponte suspensa

que não deixa o desespero passar)!

Encontra a beleza e não espalha

Ou o crepúsculo te faz refém

Ou os demais virão

Por esquecer

Que o cansaço se faz menos das horas

Que dos outros

Notívago

O vértice em que se apoia

Talvez a noite

É solar e radiante

Solidão.

RF

23/08/2009

23h29

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 18/11/2010
Código do texto: T2622507