Comunhão infiel

Correm lentos seus dedos

Pelas matas dos meus cabelos,

Donde o perfume de capim cheiroso

Em arrepios sopram segredos.

Passeiam nus, seus olhos belos

Pelo meu ventre perigoso

Acordando meu sono manso.

Meu regato embriagado

Sustenta sonho e fantasias,

Na porção menina que não alcanço.

A tez inquieta desperta

Desejos na penugem serena

Em hora incerta;

Veneno na doçura da açucena.

O dorso descoberto anuncia o cio,

Que afogado se entrega

Aos sabores densos

Da bebida cruel;

Que na carne nunca é amena,

Na alma acalenta o frio,

Mata a sede dos sentidos.

Ah! Doce comunhão infiel.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 13/10/2006
Código do texto: T263563
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