O EMBALO DO VENTO
Vieste no embalo do amado vento
quando também ele suspirava sonhos azuis,
palpitantes de desejo secreto e incontido.
Mergulhaste no horizonte do meu mar
onde teus sonhos se entrelaçaram aos meus
descobrindo cenários de eterna magia.
Do teu olhar vi brotar rios de ternura...
poesias puras que guardavas nas conchas
silenciosas do teu airoso coração...
pérolas de tua divina alma,
deslizando em gotinhas de orvalho
pela tua face, desvendando ocultas emoções...
Pedacinhos de sentimentos tão iguais aos meus!
No conforto das sinuosas melodias do vento,
nossas almas flutuaram nas brisas apaixonadas...
Desenharam sorrisos doirados nas estrelas,
e as nuvens solidárias, de fina seda enfeitadas,
bordaram a lua com elegantes rendas prateadas.
Mas o vento também te levou do meu horizonte azul!
Da alegria fez-se ventania... dor... agonia...
em minha alma desnorteada e sem rumo!
Ficou somente a saudade que me sussurra
os teus sofrimentos, teus profundos silêncios...
Linguagens tuas, murmúrios teus...
que eu recolho e decifro nas asas do amanhecer
quando te vejo chegar às janelas do meu pensar.
Vestido de mar... irradias a fragrância
de tua inolvidável essência...
o teu doce e amoroso caminhar
que desperta os meus frágeis sentidos.
Entras nos corredores da minha memória,
como um vento que me desnuda e me acalenta de carícias.
Devolves-me os devaneios que eu julgara perdidos
num oceano vazio, afundados em turbulentas emoções.
Abraças, enfim, a saudade que nos habita
e a dor transmuta-se em suaves acordes de amor...
Sinfonias que os ventos levam até ao coração das estrelas
e as eternizam nas páginas da nossa sagrada poesia.