VOCAÇÃO
Risco um traço
E espero que minh’alma o veja.
Se ela vê letra, logo me fala uma palavra;
Se ela vê forma, eu mergulho por onde não sei;
Se preto e branco, o mundo vai pelo Cosmos
E pelas almas humanas de toscos cinzéis e pincéis
Que guiaram as sensíveis almas ancestrais
Por falésias e pedras, em cavernas lares,
Em reuniões imemoriais de lições de afrescos,
Quando nem deuses e templos existiam;
Se cores são o que vê, brota a vida em verde e amarelo
Como se a geração espontânea cobrisse tudo,
Igual a aragem úmida sobre as terras e pedras da serra do mar...
E voa a minha alma com as mãos emprestadas
Aos mesmos sentimentos que guiaram meus ancestrais
Para gravar a vida que existe ou existirá.