Querências
Os meus dias apressados
Se perderam no calendário
Escondidos do beijo solitário
Para morrerem estilhaçados
No meio dos retratos antigos
Zerado de recordações
Em apagados corações
Marcas da luta no papel
Amassado e jogado num canto
Como se todo quebranto
Pudesse verter no fel
Das lembranças e das loucuras
Que ficaram registradas
Além do escrito com sorrisos
As manchas do amor
Dos muitos orgasmos
Nas fugas, nos improvisos
No arfar das juras
Nos olhares pasmos
No ato da compaixão
Morre cego o coração
Aflito como náufrago
Que se afoga num trago
E perde o trem da vida
Na porta da saída
O febril viajante
Agora é tolo errante