Sementes de Poesia

Maior que o rugido

da fera sentinela

que guarda o valor das tristezas

é o brado da vontade

que clama por felicidade

e que jamais se escondeu

no caminho que percorreu.

É o sonho de Medina

que um novo horizonte descortina.

O canto do poeta é presente,

rebuscado em dissonâncias,

liberto da rotina e das constâncias,

fugindo das águas mortas,

abrindo todas as portas,

capaz de arrombar calabouços selados

que embargam sentimentos,

limitam, do vôo, os movimentos,

travam as possibilidades do riso farto,

bloqueiam o útero ávido do parto.

O canto do poeta é dádiva divina

que o infinito descortina,

bordando cenas de momentos coloridos,

mesclando o futuro com tempos idos

na composição da colcha da vida.

Os matizes cinzentos da dor

harmonizam-se com os dourados do amor.

O canto do poeta

é uma semente sem rumo, sem direção,

a bailar no vento que acarinha

até encontrar um peito que o aninha.

Aí, então, germina.

A obra passa a ter vida própria

independente do criador.

E te encantas, poeta,

quando do teu jardim

alguém colhe essa flor.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 24/06/2005
Código do texto: T27310