Açoite na alma.

Em uma alcova de pasto,

nascia um pangarezinho.

E no galope contra o arame farpado,

ele conhecia o limite de seu caminho.

Potro novo puxava o arado,

e não corria na cancha - reta.

O rebenque e o carrapato,

estragaram - lhe a pelagem que era bela.

Sua ferradura era o chão que pisava,

sua cocheira era o vento e o frio.

E o tapa - olho prá sempre tapava,

os campos floridos que não mais viu.

A carroça cheia do melhor feno,

era para o quarto de milha.

E o pangaré a puxava sofrendo,

arqueando os quartos ladeira acima.

O relho já não machucava a carne,

pois a pele só tapava o osso.

A bela crina do cavalo árabe,

era a ilusão que queria em seu pescoço.

Mascando o freio preso a um obelisco,

certa vez viu um potrinho nascer.

Tomara que seja xucro e arisco,

para nenhuma cerca o prender.

Pobre matungo que trabalhava em qualquer hora,

cada relincho seu era um lamurio.

No lombo tomava laço, relho, espora...

E seguia troteando sem orgulho.

O cansaço dominava - lhe o corpo,

orelhas murchas, semblante entristecido.

Há tempos já estava morto,

mas apenas ontem havia morrido!