DA HUMANA CONDIÇÃO * Poeta quero ser

Poeta quero ser da melodia à rima,

do grito de revolta ao grito da recusa...

Que importa se morrer nos braços da Medusa,

se há muito eu já morri, nas ruas de Hiroshima?

Aqui, recuso ter a paz dos cemitéros.

Aqui, recuso ser um cúmplice comparsa

que aplauda ou represente a náusea desta farsa

que, sobre escombros, ergue os circos dos impérios.

Vermelho é o meu sangue e vivo se derrama

em versos de emoção, num grito de recusa,

sem nunca se render, à fúria que o vitima.

Do tempo que passou ao tempo que me chama,

que importa o meu morrer nos braços da Medusa

se há muito eu já morri nas ruas de Hiroshima?

7 de Agosto de 2004.

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 24/06/2005
Reeditado em 28/07/2018
Código do texto: T27484
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