Sábado

Não sei pra quem escrevi

As rimas tortas de ontem

Não lembro mais o gosto

Não sei de quem fui

A bebida, os copos quebrados

Não lembro, não lembro não

As mãos me puxando pra perto

Não sei de quem são

As bocas quentes e úmidas

Os dedos perigosos, os desejos

Marca roxa, arranhão

Eu não lembro não

Bem sei que meu corpo foi fluindo

Às ordens das mãos intrépidas, seguindo

E minha alma se esvaindo pelos poros secos

Enquanto a língua seguia outros caminhos

Que falte a memória, mas nunca o desejo

E o pejo nunca a sentir

Minha vergonha é esconder o que almejo

É querer ser o que tenho nojo.