INQUIETUDE



Olho em volta de mim. Não sei que mais
me faz estremecer, se os violoncelos
remoendo os antigos pesadelos,
se a brisa a dedilhar os canaviais.

Cerro os olhos em vão, porque são tais
os tormentos e eu sinto sobre a pele os
dedos gelados, hirtos, amarelos,
dum corpo abandonado aos vendavais.

E já não sei se é que me afundo ou nado
neste mar de terrores sem fronteiras
que me afogam os sonhos de criança.

Mas não desisto, não! Mesmo a meu lado
vejo erguerem-se mãos, como bandeiras,
desfraldando os farrapos duma esperança,



CARLOS DOMINGOS
Enviado por CARLOS DOMINGOS em 29/10/2006
Reeditado em 03/12/2006
Código do texto: T276975