A DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS

A criança

com olhos de amanhã

capturou o rosto do homem

com olhos de antes de ontem.

A esperança

com sina de vã

intrometeu-se

no espaço

e cresceu

nas entrelinhas do poema

cujo tempo é o tema

dos versos que desenlaço!

O menino

com sorriso de amanhecer

estendeu cinco dedos do esperar

ao homem

com sorriso de anoitecer,

com fome

de esperança de revivenciar.

O menino

com a vivacidade de uma vírgula,

sem se preocupar se a vida é frívola,

pula ao redor, alegre e jovial,

do homem

que se consome

num semblante de ponto final.

O menino

com a incansável persistência

de uma reticência...

busca respostas nas ranhuras

nas rasuras

do homem

com a lassa expressão

de um ponto de interrogação.

O que mais esperar,

menino vírgula,

Que tem pernas de reticência?

Esperar que a vida não seja frívola

que caminhe sonhos de resistência.

O que mais sonhar,

homem ponto,

Que tem curvas de uma interrogação?

Sonhar que o partir esteja pronto,

que a espera não seja um viver em vão.

E sentir

com olhos de amanhã,

que amanhã será sempre melhor.

E descobrir

com olhos de antes de ontem

que a distância entre dois pontos

quem mede é o Tempo

de todos os segundos que se contem.

O menino

com olhos de estrela

sorri...

sorri?

O homem

com uma última centelha?

Na distância entre

um ponto

e outro

só não se pode parar o Tempo

só se pode cair na Vida

como folha feliz ao ventar do Vento...

Elias Araujo
Enviado por Elias Araujo em 04/02/2011
Código do texto: T2772716
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