A DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS
A criança
com olhos de amanhã
capturou o rosto do homem
com olhos de antes de ontem.
A esperança
com sina de vã
intrometeu-se
no espaço
e cresceu
nas entrelinhas do poema
cujo tempo é o tema
dos versos que desenlaço!
O menino
com sorriso de amanhecer
estendeu cinco dedos do esperar
ao homem
com sorriso de anoitecer,
com fome
de esperança de revivenciar.
O menino
com a vivacidade de uma vírgula,
sem se preocupar se a vida é frívola,
pula ao redor, alegre e jovial,
do homem
que se consome
num semblante de ponto final.
O menino
com a incansável persistência
de uma reticência...
busca respostas nas ranhuras
nas rasuras
do homem
com a lassa expressão
de um ponto de interrogação.
O que mais esperar,
menino vírgula,
Que tem pernas de reticência?
Esperar que a vida não seja frívola
que caminhe sonhos de resistência.
O que mais sonhar,
homem ponto,
Que tem curvas de uma interrogação?
Sonhar que o partir esteja pronto,
que a espera não seja um viver em vão.
E sentir
com olhos de amanhã,
que amanhã será sempre melhor.
E descobrir
com olhos de antes de ontem
que a distância entre dois pontos
quem mede é o Tempo
de todos os segundos que se contem.
O menino
com olhos de estrela
sorri...
sorri?
O homem
com uma última centelha?
Na distância entre
um ponto
e outro
só não se pode parar o Tempo
só se pode cair na Vida
como folha feliz ao ventar do Vento...