Sonho devagar

Não tenho mais os olhos inocentes,

Ingênuos, de criança a ver o mundo.

Há mácula entre o que já vi de gentes

E o que me trouxe do útero profundo.

Viagens, eu as quis, sonhei um dia

Ver mares, terras longes, intocadas.

Meus olhos, por não verem serventia

No que pretendo e minhas caminhadas,

Debulham-se no pranto de quem chora,

À espera de um devir que jaz distante,

Entre horas tantas que foram embora

E o tempo preso em um sonhar de amante.

Agora, me demoro... Não há pressa.

- Devagar, sonho! A noite é só promessa!

lizeteabrahao@terra.com.br