Zumbis

Que pedra é essa Pesada,

Encravada que trago no peito?

Para onde fugiram minhas lágrimas?

Minhas emoções?

Dentro de mim tem um poço sem fundo,

Um labirinto sem saídas,

Uma montanha intransponível.

Mais que horrível essa ausência total de sensibilidade.

Ainda fotografo a vida embora não goste nem um pouco do que vejo.

O espetáculo da natureza é o pouco que ainda me comove.

Pinto meus abstratos,

Meus fantasmas retrato,

E eles me vigiam noite e dia

Na espera silenciosa de uma explicação...

Eles me olham e eu adoro saber que eles estão ali naquela parede,

Para que todos os vejam e também se perguntem o que eles significam.

Mas não tenho nada a declarar...

Chega de dar explicações.

É que agente passa a vida a engolir sapos e

Quando percebe o brejo ta dentro da gente.

A gente perde tantas noites de sono a remoer problemas e mágoas,

Que acabamos zumbis... E

Zumbis não são pais,

Nem mães,

Nem artistas,

Nem poetas...

Não sentem fome,

Nem amor,

Nem dor,

Nem sono...

Não querem encontrar as saídas,

Nem as respostas, nem ser perfeitos...

Zumbis não se incomodam se carregam um brejo,

Um labirinto

Ou só uma pedra no peito.

Laura Duque
Enviado por Laura Duque em 28/02/2011
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