A Gaiola



by Robério Matos



Negligente, deixei aberta a porta
E por ela minha vida, livre
Bateu asas e foi-se embora.

De tantos anos aprisionada,
Inconsciente, acreditei no seu apego
Confiante em que cedo retornaria.
O silêncio e desencantos, todavia,
A cada dia minaram a esperança.

A toda hora e a cada instante
Ouvia o seu canto inconfundível;
Ora aqui, ora acolá, sempre via
Os fantasmas presos à gaiola
Que tanto venerei consciente
Crente que de lá jamais fugiria.