O PONTO DO CHOCOLATE

O PONTO DO CHOCOLATE

Elane Tomich

Para Drica Beviláqua

Como é que intromissão

poderia ser a sinfonia

da ebulição do chocolate

alquimia das afrodisias?

A água desanda a fervura

e o doce fluir da ilusão...

Já a música é doce arremate,

pitada de mel nas agruras!

Da tristeza dos abates

faz-se paz nos alimentos.

O punhal corta o tomate

a cebola e os sentimentos.

A lágrima chora enganada

na festa dos condimentos,

triturados, refogados

que às faces afogueadas

minhas, tuas, das codornas

esfria, neste já, de momento

como menta e de louros,adorna.

Por questões de afinidade

faremos um banquete à saudade

e às divindades dos te mperos!

Na precisão cirúgica da dose,

nem mais nem menos,

o que faz perfume dos cheiros!

Qual dor forte em adeus ameno

parte que parte, de mim,louca simbiose.

Sinto assim, bem como sentes

inclusive uma vontade louca

de chorar pelo bem, pelo mal,

pelo demais, pelas coisas poucas

pelas verdades, pelo submundo

pelo que minto, pelo que mentes.

Sabe-se lá se de tais lágrimas secas, o sal

tempere um dia, algumas algias e alegrias

dos que nutriram-se da gente

e de nós, povoarão o mundo?