Perdição em nós.

Aonde e quando te espero não sei

e se eu soubesse não diria.

Existe um fundo de tempo que se perdeu no abstrato

e cada riso é um pingo de sol em meus dedos,

lambuzados de prazer em desmaio

nos braços trêmulos de meu horizonte,

remos para a viagem de tuas costas,

coxas, pernas, virilhas, construções de carne, vivas.

Súbito assalto, tomada de um filme que não roda ali,

mas roda aqui, perto do mistério de um beijo faminto,

salivado, imantado, beijo de soslaio.

Feche a porta e não diga ao mundo

da morte que nos assola e nem do gemido,

vácuo que nos preenche de gozo.

A quietude em pássaro sobrevoa o passado

e tua pele descama ao meu alcance.

Sopra a cicatriz enraizada em meu peito.

Amo-te! E hei de morrer amando-te

quando o oceano analisa a profecia de meu céu,

aberto ao teu cetro a direcionar o paraíso.

Se eu sei, não direi o caminho,

tua visão conhece as sombras de meus portões.

Entre.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 28/06/2005
Código do texto: T28786