O Rio , o Cio, a Gente

O Rio , o Cio, a Gente

( ... e de quebra, a lua )

Elane Tomich

Se num canto impossível do céu

num cochilo, Deus se descuidasse

e eu nascesse envolta no véu

da tua sina e então me encontrasses...

...se num lapso de um "ai quem dera"

eu pudesse ser lua em teus olhos

viver nua em tua atmosfera

na tua'alma, meu mar sem abrolhos.

Dos meus medos eu me lavaria

numa lágrima deste mar de abrigo

e em teus braços,em banho maria,

viveria meu berço e jazigo.

Se eu tirasse da equação o xis

e acalmasse o xis do problema

nosso último tango em Paris

seria mais que uma sessão de cinema

Se eu pudesse em tuas mãos maduras

achar o "M" da minha mocidade

na tua pele, escalas galgaria

no ascendente da nossa vontade.

Se eu pudesse em tua pele suada

no perfume de beijos e entranhas

tu, decerto, serias minha estrada

entre o vale, o mistério e a montanha.

Se escrevo em linhas paralelas

não chegada, é a hora do encontro.

As palavras brigando entre elas

reiniciam a sentença sem ponto.

Na verdade de tudo, o resumo,

é que quero teu rio em mim

meu menino, meu bem de consumo

meu maduro Huckleberry Finn.