Como era bom...

Como era bom tê-la ao meu lado...

Sentir seus carinhos pela manhã...

Ouvir suas juras de amor durante as noites frias...

Como era bom não ter sentido...

E sair caminhando as tardes sem destino...

Como era bom vê-la sorrir do nada e me beijar sem motivo aparente...

Mas naquele tempo eu era cego.

Buscava algo maior.

Não a percebia ao meu lado.

Fiz coisas fora da razão.

Busquei solidão, eternidade...

A fiz chorar sem perceber que criava assim minha maldição...

Tornei-me o que sou vendo-a partir...

Agora contemplo as tardes vendo-a sair de minha vida aos poucos...

Agora tudo faz sentido, e nada mais é colorido...

Esse não era o mundo que eu queria...

Desilusão em vermelho.

Como é bom vê-la cair no sofá depois de um banho...

Sentir seu cheiro doce de maçã...

Tocar sua pele amendoada...

Mas nada é como antes...

Porque ao abrir os olhos ela não mais sorri...

Em seu olhar não existe mais ternura, só fogo.

Porque agora tudo faz sentido e ela grita.

“Assassino! Assassino!”