A TARDE
a tarde de sol que hoje abriu
em meio a dias de chuva
calmamente pousou, na minha janela
e com suas franjas de calor
inclinou-se sobre a varada
projetando sombras distorcidas
à tona da superfície cotidiana sobrevieram
cores, que de tão desafeitas
fustigaram os velhos olhos
e por um instante foi como se a luz
em doce e temperada calma atravessasse
pelas fissuras do inconsciente
um mundo frio e escuro
e viesse, com seu calor
reanimar um paciente em coma
profundamente adormecido
perante o espetáculo da vida
* * *
Goiânia, 11 de nov 2006