AVESSO
Maninha amena que abrigas a minha alma fragmentada,
Não desistas de mim,
Abra a tua porta mais uma vez.
Eu te invado porque sou mar
E te conto todas as histórias,
Brincando no teu espelho azul.
Marejo de brilhantes
O lago dos teus olhos distantes
E desço quente pela tua face
Até os teus lábios sedentos de saudades...
Sou, do teu coração, a parte que vê,
O porquê te perfumas.
Na tua pele,
Sou o calor que transferes
Quando queres te aquecer.
Eu a ouço todo o dia,
O pulsar do teu coração me acorda,
Entre os teus seios me abrigo
Enquanto viajas pelos teus caminhos.
De ti, sou a parte que foge
E te deixa morta de saudades de não-sei-o-quê.
Trêmula, tímida, leiga,
Estendas a tua mão diante do teu espelho azul,
Sou eu quem te ensina a traçar as palavras
Que pensas que não são poesias.
Sou eu a parte da tua alma que não vês,
A parte da tua alma que não crês.