Beijos no concreto

Um grito silencioso me fez calar;

como um sopro que vindo de dentro

lambeu a nudez da minha pele fina.

Arrepiou a beleza rudimentar

da fantasia vestida de concreto.

Pairou no ar a emoção menina

que bebia em grandes goles molhados

meu espanto deliciosamente provado.

Golfadas de lágrimas tontas felizes

acenderam desejos atrapalhados.

Veria enfim o telúrico espalhado

numa chuva nova de belos matizes.

O livro da razão finalmente rasgado,

e a poesia viva destrancada da mente

beijando a terra inteira, solenemente.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 13/11/2006
Código do texto: T289684
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