Face a Face
Abomino teus olhos que, atemorizados, vejo,
E a face que eles acompanham exibe teu ar colérico.
Então culpo-te por teus escarnecidos erros
E condeno-te às trevas, à morrer num deserto.
Somente existem a ira e o ódio em meu corpo acabado,
E praguejo contra ti num urro incerto.
Que culminem tuas desgraças no pico do inferno,
E não mais atemorize os teus do passado.
O teu fracasso é um homérico planetário
Onde teus temores te cercam no infortúnio,
E tua morte é a única sina que almejo.
E apercebo-me só neste dilema falsário.
Cego-me então na desventura de tal delírio
Ao descobrir que são meus os olhos que, no espelho, vejo...