Chora uma criança.

Com a voz débil diz que está com frio.

A mãe olha e vê apenas o sombrio,

Cobre-a com seu corpo.

Geme uma criança

E diz à mãe que tem fome.

E ela, dos trapos arranca o seio

Colocando-o na boca ansiosa,

Aperta, espreme...

Árido e seco!

Ela, aterrada e muda, treme.

Vai-lhe morrer,  nos próprios braços,

Morrer de fome, o filho querido...

E ela, arrastando para longe os passos,

O amado corpo deixará perdido.

Para os seus beijos, para os seus braços.

Ficam sós, ela e o filho agonizando,

Ele a morrer de fome, ela de medo.

Ouve o sopro forte do vento, de quando em quando,

Sacudindo os ramos e o folhedo.

Ergue-se, soluça e brada...

Apenas o eco lhe responde ao grito.

Fecha os olhos para não ver nada

Mas vê tudo com o coração aflito.

Vê tudo com a alma alucinada.

Ela, o filho aperta , estreitamente.

Beija-lhe os olhos úmidos, a boca...

Desvairada, em pranto, ébria e tremente

Arranca-o do seio, de repente.

Larga-o no chão e foge como louca.

 

Iara Franco
Enviado por Iara Franco em 07/05/2011
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