Primavera

PRIMAVERA

Rogério Martins Simões

Há pouco,

quando a noite deixou de chover;

quando o gelo se deixou derreter…

fiz-me à estrada.

Estou a andar! Preciso de andar.

Releio e vejo

Florbela Espanca,

Lívida da febre,

em seus versos tristes,

(delírio),

a escrever a “má visão”.

Revejo-a ali,

naquele branco lírio,

entre os pinheiros crescidos,

do horizonte,

e à distância a que me encontro,

defronte,

neste espaço do caderno.

Esvoaçam lágrimas

volto a andar por veredas

sem antever que rente

revejo o trilho doente

da sua aparição…

Esta noite choveu,

ando,

estamos a andar…

Olho o monte das folhas secas…

Onde despontam os matos

E os cogumelos de tantas cores.

O sol está raiando

Tenho luz à tua espera…

Vai! É primavera!

À minha frente abre-se uma estrada,

entre pinheiros,

que tenho de percorrer.

Não posso parar;

Gostamos de escrever.

Vai! É primavera.

Um melro assobia,

outro responde

-É primavera!

Um besouro chegou,

sei lá de onde?

Chegou!

É Primavera

Os botões das roseiras

dão-se a conhecer

às folhas novas

que os viram nascer:

-É primavera

Duas borboletas ensaiam um baile.

Vieram ter comigo.

Querem ir contigo…

Na primavera.

O sol está queimando

Temos luz à nossa espera,

Vai…

Que eu estou chegando…

É primavera!

Campimeco, Praia das Bicas, Meco, 1/4/2011

(Registado no Ministério da Cultura

Inspecção-Geral das Actividades Culturais I.G.A.C.

Processo n.º 2079/09)