ENQUANTO HOUVER VIDA
ENQUANTO HOUVER VIDA
Elizabeth Fonseca
Enquanto houver vida
E o homem palmilhar a Terra,
Ouvindo melodia nos silvos do vento,
O arrulhar dos pombos não incomodar,
Aves dançarem seu balé no céu,
O alvorecer despertar sentimentos,
Nisso haverá luz!
Enquanto ipês florescerem explodindo luzes,
Bordando em matizes os anelos da visão,
A garça e o jaburu a petiscarem nos pântanos,
O jacaré estirar-se preguiçoso ao sol,
E o cafezinho palitar seus dentes,
O tuiuiú exibir seu lindo colar vermelho
E desengonçado pousar em seu ninho,
Nisso haverá esperança!
Enquanto os bichos não fugirem dos bichos
Que espreitam em tocaia seu abate,
Enquanto houver brisa, pérola de orvalho
Nos caminhos escritos pela manhã,
Filtrados de sol e esmeralda
E os campos florirem risonhos,
Nisso haverá paz!
Enquanto águas borbulharem em nascentes
E descerem cascatas em profusão,
Os rios seguirem livres cantarolando,
Camalotes e vitória-régia enfeitarem o Pantanal,
Que farturoso se entrega ao Rio Paraguai,
Cardumes em piracema exibirem douradas escamas,
Boiadas e boiadeiros singrarem águas e barros,
Nisso haverá vida!
Enquanto florestas verticalmente viverem,
E o aqüífero guardar intacta reserva,
O ar sem combustão limpar os pulmões,
A natureza agradecerá a sua perenidade,
Tudo terá equilíbrio dentro do humano ser,
Que reverenciará a Divina criação
Emanado de luz, esperança, paz e vida.
Nisso haverá AMOR!!
(do meu livro "Além da Janela")