Transgredindo
Transgredindo
Angélica T. Almstadter
Tenho fome dos beijos que não dei
Das bocas que não beijei
Dos abraços que não conheci
Dos afagos que não senti
Quero o gosto dos corpos
Os amores tortos
Desejo o ninho pecador
O beijo transgressor
Vou quebrar a taça
Deixar de ser sem graça
Enfrentar a vida
Atrevida
Rolar na cama
Profana
Insana
Se dane a moral
Quero ser total
Farta
Antes que infarta
Quero a vida sem medida
Em bandejas servida
Num afã de desejos
Entre beijos
Na calada da noite
Sem açoite
Nas viradas da maré
Num cabaré
Quero ser o prato principal
Sem menu, nem filial
Aquela que adere
Na pele
Cochicha no ouvido
Perde o sentido
Quero romper os diques
Explodir em apetites
Quero sentir o peito arfar
De tanto amar