Estranhos caminhos
Estranhos caminhos
Angélica T. Almstadter
O chão em que me agarro,
Acorrentou minhas asas;
Cimentou os meus passos.
E ainda que te pareça bizarro,
Amputada que sou, crio e fio laços,
No ventre da terra.
Trago o beijo em flor,
Nas sementes que espalho.
Enquanto a vida aflita, por mim berra,
Meço meu passo curto, nesse cercado.
O tempo parece falho,
Na estação do espinho, brota amor,
Em cachos, dependurado.
Nas veredas da minhas veias,
Cultivo sonhos escondidos;
Carícia que norteia,
Meus desejos atrevidos.
Sou mistérios sem culpa,
Bailando na face oculta...