Na carne...

Na carne...

Angélica T. Almstadter

Que espinhos me abraçam a carne?

Que grilhões sem grades me abarcam?

Nos dias sem o intervalo de noites silenciosas,

Sei dos ruídos das flores mal vistas,

Sinto a cangalha que pesa no dorso sem alarme.

Sinto o desfiar das horas que lentas me marcam;

E brinco no contorno das auroras melodiosas.

Tu mensageiro das minhas conquistas,

Que arde em brasas no encalço da invernia,

Chora e risca faíscas sem freios,

Nos trilhos e trilhas enferrujadas.

Gastas as explosões de agonia,

Mais apertam as algemas e os arreios

Dessa doída vazão de enxurradas.

Os olhos vertem só lágrimas salgadas,

Acuadas no fundo dos silêncios tardios,

Onde só moram desejos furtivos;

De uma alma perdida num corpo contorcido.

Pingente do fio da navalha,

Há muito trajando mortalhas remendadas,

Na ânsia de conter o frio dos espaço vazios;

Minh´alma se distanciou dos avisos.

Agora lentamente me abraça a solidão,

Fiel companheira calada.

Ungüento do corpo e da alma ferida,

Mede os passos do meu coração

E nina minha poesia cansada,

Sob o jugo da mão embrutecida

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/01/2005
Código do texto: T3000
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