Libertação de um poema a dois.

Minha boca aberta a teus pés

rompeu os grilhões dos sonhos

e minha fantasia se encontrou

mulher em teu corpo.

Teus dedos a percorrer minha face

minaram o bailado das mariposas

e meus olhos amarraram teu tórax

em meu pulsar leviano de desejo.

Galguei os mais altos montes

e de estrelas coroei teu sexo

ávido de alguns cometas

a irradiar nossas criações,

invenções que tracei em tua carne,

coluna de minhas loucuras.

Arrebentei o universo em explosão contígua,

minei prazer em tuas mãos

enquanto bebia do meu suor

a última gota de um mar que se abriria

aos teus rompantes de deus sedento.

Destinei ao vento meus suspiros

e cravei em tuas esperanças raízes de um céu

em que povoou minha feminilidade

com o teu espetáculo de astro-rei.

E livre, na cama de tuas conjugações,

saciei meus mistérios, sem questionamentos,

apenas tranças de nós dois _ nus.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 01/07/2005
Código do texto: T30052