Calcinha

Angélica T. Almstadter

E se mais não me convinha,

Entre os teus espaços, sem recato;

Deixei-te uma prova tão minha.

Jogada com desmazelo,

Qual fosse a pressa a culpada.

Não fossem meus modos educados,

E eu desarvorada,

Não teria corado, quando me vi,

De cara com a tal pecinha;

Mostrada ali, com cuidado,

Guardada com tanto desvelo.

Te confesso, que procurei ser discreta,

Ao deixar uma prova concreta.

Com um gesto delicado,

Achei um canto adequado;

Eis que a minha insensatez,

Não fez uma escolha específica;

Só pretendeu ser física,

Alheia e ao acaso, saquei a prenda;

Porém, com zelo, fiz a oferenda.

Arrepios me percorreram tez,

E antes que pensasse em desistir,

Olhei-me no espelho, sem piscar;

Deixei o desejo de me permitir,

Se juntar vontade de arriscar.

Quando me surpreendi, já distante,

Já não dava pra voltar.

Era fato comprovado, o ato delirante.

O calor ia e vinha;

Pensando na tal calcinha,

A embalagem do pecado,

Despretensiosamente ali deixado,

Como se descoberta agora deixasse,

Um pedaço, da minha intimidade,

Com um recado anexado:

Guarda-me com carinho,

Que um dia, eu volto outra vez,

Como fora a vez primeira,

No teu corpo dessa vez,

Eu prometo que me aninho...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/01/2005
Código do texto: T3014
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