Regato
Regato
Angélica T. Almstadter
Nas águas doces desse regato
Preciso lavar a minh´alma
Em meio a estas águas serenas
Embrenhar meu tato
Beber em um trago essa calma
De doses amenas
De posse dessa calmaria
Alegrar as sombras dos meus dias
Nessa pele de algesia
Que me veste de agonias
Vestir de águas meu semblante
Para fazer nascer lágrimas doces
Como um rio itinerante
Misto de águas agridoces
Na ternura desse regato me acho
De pés descalços e pele nua
Águas formando cacho
Sorrindo pra lua
Escorrendo pelas melenas
Em suave melodia
Límpida como as açucenas
Acorde triste de um alaúde
No desmazelo da tarde
Nesses teus olhos de açude
Onde a vida nunca parte
Junto aos espelhos da minha retina
Vou guardar minhas preces
Meu oráculo de menina
Que brincadeiras tece
E sonha pelo barulho das águas
Cristalinas cantantes
Onde me afogo em fráguas
E enleios insinuantes