Cálices e saudades.

Seu nome estampado na minha carne

seus dentes cravados nos meus braços

Um sorriso, uma begônia a desabrochar

Deitados numa tatuagem

Vestido amarrotado

Um retrato preto e branco

Meia dose de vodcka

Minha saudade segue num veleiro

A marca de batom no guardanapo

Nos meus passos lentos: a memória

Nas minhas memórias: as tardes

Não sei se era fevereiro ou dezembro

Leio Clarice

Fumo e bebo.

Vivo a vida cada gole

goles doces e amargos

algumas vezes azedos

mas vivo a vida

Trago a vida nas tatuagens

na memória

nos retratos amarelados

nos cálices

Essa é a ordem do tempo

um gole após o outro

um passo após o outro

uma saudade a ser tragada

Essa é a ordem do tempo

Desgustar a vida

Sorver

Brindar.

Deijair Miranda
Enviado por Deijair Miranda em 12/06/2011
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