A volta do poeta

Um poeta morreu de velhice

e foi para o céu apressado,

pois, achou que seria tolice

ver seu corpo sendo enterrado.

Deu adeus à terra densa,

despediu-se do cachorro

e foi atrás da recompensa,

voando por cima do morro.

Alegre como a criança

que deu seu primeiro passo,

voou rápido na esperança

de ver-se logo no espaço.

Passa pertinho da lua,

sua fonte de inspiração,

pára um pouco, flutua,

e fica prestando atenção.

Lá da terra, pensa ele,

a lua é muito mais bela;

ver um luar como aquele

e daqui, areia amarela?

Retoma seu vôo, frustrado,

mas continua a viagem

em busca do céu esperado

ou de uma bela paragem.

De repente leva um susto

e é quase atropelado,

um cometa passa justo

na frente do pobre coitado.

Lá de baixo, logo pensa,

isso é um estrela cadente

sua luz é mais intensa

e atende os desejos da gente.

Já com saudades da vida,

e muito desapontado,

de maneira decidida,

faz a volta apressado.

Mesmo morto, se consola,

e sem os desejos da carne,

posso ver jogo de bola

e curtir o meu desencarne.

Escrever poemas com rima

à sombra de um belo carvalho

e ficar olhando pra cima

sem ter que pensar em trabalho.

Ver de novo a lua nascendo,

curtindo, sentado no chão,

contando cometas descendo

até a próxima encarnação.

RSanchez - (2/8/2004 21:35:12)

PuraReflexao
Enviado por PuraReflexao em 28/11/2004
Código do texto: T310